Aliando a sua inefável capacidade de mercenário à (sub)missão de sipaio, José Ribeiro (assalariado MPLA em funções de director do Pravda, Boletim Oficial ou Jornal de Angola) zurrou agora que, “numa foto difundida por um semanário português, Luaty Beirão assemelha-se a um putativo terrorista árabe responsável pelos atentados de Paris”.
Por Orlando Castro
O texto que, obrigatoriamente, teve aprovação superior, é um manancial de frustrações freudianas, complexo de inferioridade inato mas, é claro, potenciado por drogas de validade ultrapassada e pela incontornável progressão da doença de Alzheimer. O dono do sipaio sabe bem que se trata de uma enfermidade degenerativa cerebral que afecta as capacidades mentais, a memória e a orientação, e que – no caso de José Ribeiro – está prestes a atingir a demência. Mas enquanto for útil…
Diz o alzheimeriano director do Boletim Oficial do regime, que “quando se completa um mês de julgamento em Luanda de um grupo de 15 indivíduos acusados de preparação de rebelião em Angola, é tempo de repor alguns factos que têm estado a ser falseados por pessoas apostadas em desacreditar todas as conquistas e sucessos conseguidos por Angola em 13 anos de paz e reconciliação nacional.”
Sejamos complacentes. O enfermo já não diz coisa com coisa. Aliás, limita-se a dizer o que lhe mandam, a assinar – tantas vezes apenas com a impressão digital – o que lhe põem à frente, e a dizer ao dono que use e abuse da sua dedicação de cocório plasticinado para todos os serviços.
Continuemos com o texto que mandaram José Ribeiro assinar. “Este processo de julgamento é o corolário de uma série de actos de provocação desencadeados pelo grupo em causa. O mais grave desses actos ocorreu no Cazenga e resultou em confrontos violentos. Usando técnicas de dispersão e confrontação aberta com a Polícia, contou com a exortação e participação dos habituais políticos angolanos da Oposição sempre impoluta e insuspeita.”
O enfermo utiliza esta tese desde os tempos do 27 de Maio de 1977. Serve para tudo. A culpa nunca é do seu dono ou dos seus auxiliares. É sempre dos outros. Começou por ser dos colonos portugueses (e é nessa origem que José Ribeiro começou a sentir a violência do seu nanismo mental), passou pela luta de Jonas Savimbi (por quem, no íntimo, sentia uma paixão carnal) e está agora nos jovens activistas que, ao contrário dele, têm coluna vertebral.
Sacando da carteira a mensagem superior, levemente perfumada pelos dólares que vai surripiando ao Povo, José Ribeiro reproduz que, “até aqui, o Governo não tem feito outra coisa senão reagir aos ataques. Mas há quem pretenda fazer crer o contrário, com um objectivo claro: como os louros da pacificação e democratização de Angola foram para o MPLA, era preciso encontrar um meio de esvaziar a credibilidade adquirida pelo Governo e começar a enfraquecê-lo. A via escolhida como argumento foi a presença de uma ditadura sanguinária em Angola que viola sistematicamente os mais elementares direitos humanos.”
Façamos um intervalo para rir às gargalhadas. Assiste-se cada vez mais a uma guerra interna entre as meretrizes do regime, todas lutando por estar nas boas graças do “querido líder”, esquecendo que, pela idade, o Presidente Eduardo dos Santos já não tem pujança suficiente para satisfazer os íntimos desejos dos ribeiros, luvualus e pintos que proliferam nas putrefactas sarjetas do regime.
Como decano da estupidez mediática do regime, José Ribeiro garante que “só mentes perversas são capazes de urdir uma trama tão grotesca em que um regime que desde os primórdios da Independência Nacional vem perdoando opositores e rebeldes armados e que privilegia políticas de debate público pluralista e políticas sociais de vincado cunho popular, aparece agora com a face de opressor e repressor”.
Mais do que um texto anedótico, que o é – reconheçamos, a prosa do director do Pravda é um desforro contra os novos arautos do regime, bem apadrinhados pelo “escolhido de Deus”. José Ribeiro não admite que as novas estrelas do circo, Luvualu de Carvalho e João Pinto, brilhem mais do que ele. Vai daí, aponta para fora mas dispara para dentro. Ainda o vamos ver, como fez o seu íntimo amigalhaço Artur Queiroz, criticar o socialismo sanzaleiro de Eduardo dos Santos.
Vejamos mais alguns nacos reproduzidos pela etílica veia deste alzheimeriano: “Mas essas mentes são capazes de tudo para atingir os seus fins. Como a tartaruga sabichona que ao pequeno toque se recolhe, os instigadores da acção extremista dos “revus”, aqueles políticos sempre insuspeitos, rapidamente desapareceram de cena quando a dimensão e consequências dos planos golpistas para o país se começou a descortinar”.
Tem razão. Depois de, citando Luvualu de Carvalho, terem reparado que afinal a NATO não ia atacar Luanda a pedido dos jovens activistas; depois de – por pressão do mesmo Luvualu – Portugal ter finalmente reconhecido que Angola já não era uma colónia portuguesa; depois de o Ministério Público do Regime ter provado que os jovens tinham o apoio do Estado Islâmico, os políticos “sempre insuspeitos” recuaram. Foi isso não foi?
Esclarece ainda o sipaio que, “antes disso, porém, colocaram a cereja por cima do bolo, afirmando que os cabecilhas da rebelião detidos eram os “primeiros presos políticos da III República”, rastilho que incendiou as pudicas mentes das personalidades democráticas europeias sedentas de sangue. Quase o tiveram com o apelo e a chantagem repetida que diariamente fazem aos indivíduos em julgamento e ao Tribunal para que, pelo menos um deles, se suicide, pela greve de fome ou por outra forma.”
Essa de as “pudicas mentes das personalidades democráticas europeias” estarem “sedentas de sangue” foi de tal modo brilhante que Luvualu de Carvalho foi aos arames, batendo com a cabeça no muro, por não ser ele o autor de tão demolidora afirmação. Aliás, as “mentes das personalidades europeias” entraram em curto-circuito, admitindo-se o aumento significativo de suicídios por essa Europa democrática fora.
“Felizmente, o bom senso tem prevalecido e é bom que predomine até ao fim do processo e se assista a um julgamento justo. Estive esta semana, pela primeira vez na vida, sentado num Tribunal como réu, e confesso que nada foi mais repugnante do que ver o desaforo de alguém a quem tanto se ajudou não mostrar agora reconhecimento. Assim procedem os “revus” sem moral”, diz melancolicamente José Ribeiro, resgatando do fundo da sarjeta os neurónios que lá tinha tombado… em combate.
Não podemos, contudo, estar descansados. A tese do sipaio é a de que “nada demonstra que a campanha provocatória e de difamação contra as autoridades angolanas venha a diminuir de intensidade. O “sururu” que as habituais organizações internacionais de má consciência lançaram contra a vinda a Angola da “rapper” norte-americana Nicki Minaj, para cantar numa festa de Natal promovida pela Unitel, prova aliás que a pauta das novas tentativas de desestabilização de Angola está a ser cumprida à risca, vai prosseguir e até intensificar-se. Outra prova de que as coisas não vão parar por aqui é o facto de o velho “Goebbels” de Jonas Savimbi ter sido indicado para liderar a oposição na Assembleia Nacional, como prémio pela enorme responsabilidade que teve na propaganda de guerra do traidor africano contra o seu próprio povo e como incentivo para continuar a ajudar as personalidades perversas portuguesas na expedição mediática anti-angolana”.
Com o tempo, mas já se notam os vestígios, a doença de Alzheimer vai tornar José Ribeiro inimputável. E ele sabe disso e joga com isso. Quando a história mostrar e provar quem eram, dentro do regime do MPLA, os assalariados de Jonas Savimbi, já o director do Pravda estará em fase irreversível. Temendo, contudo, que isso se possa saber mais rápido do que ele pensa, vai mostrando ao mundo que, afinal, já agora a sua enfermidade degenerativa cerebral afecta as suas capacidades mentais, a memória e a orientação.